sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

"Tanto mar e eu aqui!"

Sempre que mergulho no passado invadem-me episódios precursores de realidades presentes menos perfeitas. Sim, eu sei que a perfeição não existe, mas “menos perfeitas” é talvez um eufemismo por incapacidade de as chamar pelo nome – indesejáveis.
Até há relativamente pouco tempo eu tinha a certeza de que tinha feito o melhor que pude e soube. Agora, cada vez mais sinto que sabia tão pouco e essa certeza abandona-me devagar, roubando-me, aqui e ali, a pouca paz que me resta.
Oiço, de olhos fechados, Sinatra e Piaf e interrogo-me se a única forma de poder gritar “no regrets” não será desenvolvendo uma espécie de perdão – sim, fiz desta maneira, podia, e talvez devesse, ter feito daquela, mas então, tal como hoje, não soube prever as consequências. A questão é se me basta o meu perdão ou se não precisarei de outros para poder voltar a acreditar que não, não poderia ter feito de outra forma; não, não é possível fazer previsões a longo prazo; não, ninguém tem a capacidade de adivinhar o futuro e não, não havia, nesse tempo, nem metade do conhecimento que há agora, já para não falar na sua divulgação.
Somos vítimas do nosso tempo. Todos nós. Em qualquer tempo. O espaço que temos para viver, ainda que mais largo de década para década, ficará sempre aquém da vastidão do mundo.

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