Quand je me jette dans la vie
C’est la peur qui m’emmène
La peur du noir, de la pluie
La peur du monde, de moi-même
C’este la peur que je combats
Tous les jours sans m’arrêter
Car c’est elle qui m’enlace
À la peur je dois parler
Pour lui dire que c’est urgent
De s’en aller tout de suite
Pour lui dire que j’ai besoin
De laisser la vie infinie
Ah ! Ma chère, elle me dit
Sans moi tu serrais rien
Tu n’aurais pas grandit
Tu ferais pas ton chemin.
Estes fracos e toscos versos foram escritos há muito muito tempo e traduzem, com simplicidade, a dualidade do Medo.
Não me lembro de sentir medo até aos nove anos, mas lembro-me dos cuidados da minha mãe, da sua preocupação constante e dos seus medos. E o medo é como outra coisa qualquer - pega-se.
Aos nove anos mudei de casa e de lugar e o medo tomou conta de mim. A minha maior preocupação, desde que me levantava até que adormecia, era combatê-lo. Caso contrário ver-me-ia incapaz de dar dois passos fora de casa - todos os perigos do mundo me espreitavam em cada esquina; ou mesmo de adormecer - o silvo do vento e do mar que se esgueirava violentamente por entre as frinchas da janela faziam-me crer que habitava no pior dos infernos e que em qualquer momento uma criatura horrenda irromperia quarto adentro, sem pedir licença e sem, pior ainda, abrir a janela - na minha imaginação os vidros já estavam partidos e a janela aberta de par em par. Lembro-me que o meu irmão, uns anos mais novo do que eu, dormia de cabeça tapada. Nunca consegui. Faltava-me o ar.
Mas, se por um lado o medo nos restringe, por outro protege-nos, diz-se. Eu sinceramente não me recordo desta enorme vantagem! Pelo contrário, sempre senti que o tempo que era obrigada a despender no combate ao dito poderia muito bem ser aproveitado para algo verdadeiramente gratificante e enriquecedor.
Ora nós não nascemos com medo. Uma criança não tem medo de nada. Porque não tem consciência, dir-me-ão vocês, não conhece os perigos. E como não os conhece a gente mostra-lhos e impinge-lhes os nossos medos. Pois…mas afinal o medo vem da consciência ou do instinto de sobrevivência? É que, ao que parece, esse nasce connosco… Ou será que nem uma coisa nem outra nos faria realmente falta se nascêssemos num mundo diferente? Num mundo sem perigos, por exemplo…Se não existissem perigos, o medo não teria razão para existir também.
Então e se o vice versa também fosse verdade? - Se não existissem medos, os perigos não teriam razão para existir também. E se forem os medos a gerar os perigos?
É que a questão é esta – até que ponto é que o cabrão do medo nos corta as asas?! Até onde voaríamos sem ele?
Já pensaram que se não voamos até ao Sol é só porque alguém nos disse que foi lá que o Ícaro se queimou?! E se as nossas asas forem à prova de fogo? Hem?!
1 comentário:
Amei o post, viajei... E se forem a prova de fogo, hem? Só aposta quem tem fichas. Só vamos saber se tentarmos.
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