Demos-lhe boleia porque vivia sozinha e não tinha com quem ir. Acabou por ficar sentada à nossa mesa no almoço que prosseguiu a cerimónia. Era magra, de pele branca, e surgiu coberta por um vestido de veludo azul que apenas lhe revelava os braços esguios. Achei-o pesado, inadequado à época.
Surpreendi-lhes o olhar numa altura em que ela se afastou de nós e regressou, depois, por um trilho no meio das ervas, como num quadro de um pintor sofrível – as árvores; as ervas e ela, de vestido de veludo azul-escuro.
Soube mais tarde que partilhávamos o impartilhável, havia já alguns meses. Foi quando saí de cena. Mas ainda hoje, de vez em quando, recordo a imagem - esguia, branca, coberta por um vestido de veludo azul.
Gostávamos desta música, ele e eu.
1 comentário:
lindo! mas, como frequentemente acontece na vida real, tanto a banda sonora como o vestido transformam a personagem em mais do que ela é, e o drama intrínseco ao filme cria saudades onde não havia alegria. o veludo tende a ficar bem em quem tem alma de cortiça. *
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