Há dias, numa dependência da CGD, enquanto esperava para ser atendida, vi alguém sair de um gabinete posicionado numa zona, digamos assim, mais privada. Convencida que um gabinete é um gabinete, avancei.
Que não, que aquele era para os clientes da Caixa Azul.
E quando quis saber mais sobre esses clientes recebi um daqueles sorrisos cínicos e altivos que só por si nos excluem automaticamente do rol. Ter-me-ia sentido a Julia Roberts em Pretty Woman se fosse americana. Mas como sou portuguesa senti-me uma peça atirada para o molhe. E recuei. Recuei uma série de anos e esse recuo deprimiu-me porque de repente pensei – meu Deus! devagarinho vai tudo voltar ao mesmo! Só os personagens vão mudar!
E imaginei a quantidade de gente que vai andar para aí deprimida porque se há coisa tramada de se perder é o estatuto.
Pior do que isso, só ver o ar de satisfação de quem não o tinha e passou a ter...eu vi-o, em muitas caras, logo a seguir ao 25 de Abril.
* Frase proferida pela actriz Florbela Queirós num teatro de revista, de que não me recordo o nome, que esteve em cena no Parque Mayer.
1 comentário:
Não faço ideia do que seja "voltar ao mesmo", mas sei o que é tratarem-nos como inferiores (para não pôr aqui o nome comummente usado para designar dejecto). Conheço uns quantos que costumavam fazer esses olhares que já têm lama até aos tornozelos. Alguns, não tardará, estarão pelo pescoço, que o muito parecer sem ser que por aí andava não vai resistir ao que aí vem. Não se sinta mal, tenha pena deles e, se calhar, procure outro balcão ou banco.
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