Não participei no movimento de sábado passado, o dos Indignados. Não significa isto que não esteja indignada. Estou. Estou indignada com os salários que o Estado tem andado a pagar a gente que dirige empresas, e um país, que dão prejuízo ano após ano. Maus quadros, maus gestores. Estou indignada com as medidas que vão recair sobre quem já pouco tem e sobre a classe média deste país que, mais cedo ou mais tarde, provavelmente desaparecerá, não porque ascenderá aos céus, mas porque descerá aos infernos.
Estas pessoas que andaram a usufruir de ordenados muito acima daquele que era suposto marcar o limite dos salários da Administração Pública – o do Presidente da República, e todos aqueles que permitiram esse estado de coisas, principalmente esses que permitiram esse estado de coisas, têm de ser chamados à responsabilidade e eu não estou só indignada, estou a ficar muito zangada. Sim, eu sei que isso pouco importa, pelo menos assim parece. Mas, acreditem, pesa. E eu explico porque é que pesa.
Não sou pessoa de grande alarido. Nem grande nem pequeno. Sou aquilo a que se convencionou chamar um low profile. Não me exalto facilmente nem tenho grande apetência para participar em manifestações. Não acredito em grandes mudanças com origem em manifestações, acredito que é na atitude e na mentalidade de cada um que as mudanças se operam, na educação, na cultura. Acredito que cada um de nós pode mudar o seu pequeno mundo e será essa a sua colaboração para uma mudança maior que se arrastará ao longo dos tempos, excepto em alturas de crises graves, como esta. Nessas alturas a coisa costuma ficar muito preta e deixar sempre pelo caminho um rasto de vítimas, na maioria inocentes, porque os culpados já se fingiram de mortos. Em alturas como, começo a temer, esta, o mundo costuma rebentar em guerra. E isso provavelmente acontece quando pessoas como eu – pacíficas – começam a sentir vontade de sair à rua.
1 comentário:
Como te compreendo...
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