segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Dos poemas e dos Poetas

O que é ser Poeta? Quando é que determinado texto pode ser considerado poético? Quando rima? Quando é composto de versos?

Uma vez, há seis anos atrás, enviei para um amigo que estava longe o seguinte e-mail a propósito de umas fotos tiradas nas ilhas gregas:

Achas que se me esforçasse muito conseguiria, um dia, arranjar aqui um trabalho que me sustentasse para poder por lá ficar a viver? E depois, com o tempo e todo aquele mar, que me conseguiria transformar, como que por magia, numa escritora de renome e conseguiria, assim, um dia também, deixar de servir às mesas para me poder dedicar só, exclusivamente, aos meus livros que escreveria, sempre, em frente àquele mar imenso, sentada numa daquelas cadeiras azuis, que se encontram em frente às mesas azuis que dão para as portas azuis das casas quase imaculadamente brancas?
Achas que, se me esforçasse muito, poderia um dia vir a ser uma cidadã de reconhecido direito a habitar num lugar como este? A andar sempre de sandálias e vestir blusas sem mangas, daquelas que deixam os ombros ao sol, e que eu gosto tanto? Achas que, se me esforçasse muito poderia passar o resto dos meus dias a beber, o que quer que seja que eles bebem, até me fartar de ver tanto mar, tão azul? Tanto horizonte meu Deus quem me dera!

Ele respondeu-me dizendo, entre outras coisas, que tinha gostado do poema!

Para Espanca, “ser poeta é ser mais alto, ser maior/Do que os homens!”. Para Pessoa é ser "fingidor". Sophia diz que o poeta vê mais, vê tudo. Para Sophia, por detrás de um poeta, da própria poesia, está a visão do mundo numa ânfora, está uma “túnica sem costura”. Para ela a poesia é união e o poeta o unidor. Para todos o poeta é o que VÊ, o que vê para além de…o que compreende a totalidade do mundo e depois, para a mostrar, “finge que é dor a dor que deveras sente”.

É poético todo o texto que nos mostra um horizonte maior do que aquele que veríamos se o não lêssemos. É poeta todo aquele que, num momento de inspiração, é capaz de nos mostrar que afinal não há nenhuma costura na união de todas as coisas.

1 comentário:

CF disse...

:):):) Agora, outra vez :):):):)