Não me recordo em que altura da minha vida passei a viver empoleirada numa trave olímpica. Já fiz ginástica desportiva e garanto-vos – as paralelas assimétricas são muito mais fáceis. A trave é um tortuoso exercício de equilíbrio poucas vezes bem realizado e sempre, sempre, muito tenso. Em cima de uma trave olímpica os saltos não são saltos, são saltinhos, dados a medo não vá o pé resvalar. A deslocação é sempre feita com um pé em frente do outro, o mais junto possível para não se perderem, ou pior, trocarem que isso sim seria catastrófico principalmente se não existisse colchão para amortecer a queda. Depois os braços, de preferência abertos ou em arco levantados mas sempre como varas equilibrantes, sempre.
Pois eu, provavelmente, não deixei a minha trave olímpica e ando, ainda hoje, a lutar por um estável equilíbrio enquanto avanço passo a passo, com jeitinho, a ver se não troco os pés.
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