O rosto enrugado, de testa franzida e boca em meia-lua, está preso ao televisor na expectativa de regressar ao passado à boleia do fado cantado por outros. Há muita gente nova no fado, não há? Pergunta ela com um certo desconcerto na voz. E à medida que fadistas, músicos e apresentadores vão desfilando no écran, ela repara no vestido desta, no cabelo daquela e nas unhas por pintar! Que gordo que está! Que feio que é! E a dada altura eu sorrio e ela nem percebe porquê e pensa que é pelo músico que se ginga ao som da viola, mas não, é por ela, pela estranheza e sobressalto de não vislumbrar rostos antigos e ser incapaz de se ouvir quanto mais de interpretar o desconforto. E quando a indago, Mas não está a gostar?! Ela diz que sim, que está. E nesse momento chegam aqueles por quem tanto esperou e a testa relaxa e a meia-lua da boca transforma-se, em quarto crescente.
3 comentários:
Tinha saudades, já li tudinho... Parece que os dias estão frios e difíceis. A Laika está a ajudar? Um beijinho grande!
Olá Inês :):) A Laika não veio connosco. Nem ela nem nenhuma, pelo menos para já. É pena, mas ela não servia de todo, está demasiado zangada com o mundo e a minha mãe tem medo de cães zangados :( Temos de continuar a procurar :)
Beijos e sê bem aparecida :):)
Por alguma razão Fado e Saudade andam de mãos dadas!
Bom fim de semana.
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