Lembro-me da minha avó se referir ao mal de inveja como um dos piores males do mundo. Eu não lhe dava muito crédito. Que mal poderia fazer a uns, a inveja de outros?! Mas ela insistia na urgência de não a suscitar, em circunstância alguma.
Mais tarde cheguei a pensar que ela sofria do mal da repressão. Aquele que assola os povos que vivem cristalizados na possibilidade de denúncia. Não mostres o que tens. Não te atrevas a dizer que estás bem – diz sempre: mais ao menos, vai-se andando…não partilhes o que tens de bom, antes o ma! e se não o tiveres inventa-o, que a urgência é não despertar a terrível inveja.
Hoje conheci-a. Estive frente a frente com ela e, pode até ser que não repercuta o nocivo efeito que a minha avó apregoava, mas que é feia, é.
Quem vive paredes meias com ela sente a sua existência e sofre, conformado, as maleitas que a vida traz. As alegrias, essas, guarda-as bem guardadas acreditando que os que olham não vêem que ali existe algo para ser invejado.
Mas os verdadeiros invejosos cheiram as bênçãos à distância, por muito bem guardadas que estejam, e deixam-se corroer. O mal de inveja, que a minha avó tanto temia, corrói mais o invejoso do que o invejado.
Ainda assim, não faz mal nenhum darmos ouvidos às avós. Afinal de contas andaram por cá muito tempo e o mundo não mudou tanto assim. Não, no que às gentes diz respeito.
2 comentários:
Gente é gente. E gente não muda nunca :)
Distância, distância.
E daqui deste lado um beijinho e um bom fim de semana!
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