segunda-feira, 18 de junho de 2012

Coisas de mãe

Ontem foi ela, hoje foi ele. Dois adultos. Independentes. Olho-os à procura de traços comuns e recordo a época em que cresciam dentro de mim e depois, quando nasceram, tão frágeis, tão dependentes.

Ontem foi ela, hoje foi ele. Olhei-os como se os visse pela primeira vez e amei-os tanto que se esgotaram as palavras.

Serão felizes? Terei feito um bom trabalho? Talvez aquilo que faltou em sabedoria tenha sido compensado nos genes. Genes lutadores de quem não se entrega às desgraças da vida porque acredita que ela é muito mais do que isso – meras desgraças.

Se pudesse repetir as proezas, não repetiria certos atos. Há coisas que faria hoje de modo diferente, nisso não me distingo dos demais. Não há quem não saiba isso, quem não sinta isso – se fosse hoje faria assim e assado, diferente do que fiz. Grande feito! Mal seria se assim não fosse! O que teria eu andado por cá a fazer este tempo todo se persistisse nos mesmos atos, nos mesmos erros? Se não tivesse aprendido que aquilo em que acreditei era apenas a ignorância dos tempos? E quão ignorante seria eu agora se acreditasse que hoje saberia o que fazer? Faria diferente, claro. Mas faria melhor? Não faço ideia! Como disse Kant, para isto resultar deveríamos ser educados por seres superiores. Extra terrestres talvez. Ou deuses, quem sabe?

Pouco importa os erros, se os houve, se foram grandes ou pequenos. O que importa é se as marcas que deixaram permitem ou não um novo e autónomo plano de vida, é isso que determina a sua dimensão - a capacidade de ser feliz.

E eu olhei os meus filhos e perguntei, És feliz?, e fiquei a saber que mesmo que o sejam não são tanto quanto aquilo que deveriam ser, porque são meus filhos e a única coisa que quero para eles, a única, é que sejam imensuravelmente felizes. E isso, eu não fui capaz de lhes dar.

4 comentários:

Inês disse...

O que eu quero??? Roubar as tuas palavras e gritá-las daqui a uns anos! Mas tenho tanto medo, tanto tanto... Que lhes irá acontecer? Por enquanto mando eu e morro por eles... Querida Antígona, tenho o privilégio de espreitar o desassossego dela, dele só te leio... se são felizes? nós somos? que raio é isso afinal?

Um beijinho grande!

CF disse...

Antígona, claro que querias. O que não tiveste, o que não foste, o que sabes certo e por ai a fora. É impossível, sei que sabes disso. Mas querias na mesma, também sei, e óh se sei...

Leididi disse...

Deixa-te mas é de mariquices. :)
muitos beijinhos e até sexta! :D
E sim, vou dando noticias. E sim, também te adoro. E sim, sou feliz.

Sputnick disse...

num país como o estão a deixar, limitam-se e muito algumas condições para a concretização da felicidade. Beijinho.