Se há momentos em que a vida me parece uma bênção, outros há
em que ela se me afigura uma amálgama de sacrifícios e momentos que eu preferia
não viver – uma amálgama de incompreensíveis dores de coração, e mais
valia que o tivéssemos só a ele, escusávamos de sentir estas dores, muito mais
dores que tantas outras que inventámos.
Separarmo-nos de quem amamos é sempre tão triste. Tão
triste. Podem passar anos e anos e anos, que nunca se apanha o hábito e se não
se chora já no momento, chora-se depois, no dia seguinte em que se acorda e ele
já cá não está.
Depressa nos habituamos ao que nos é querido. Nunca nos
habituamos à sua ausência.
Merda de mundo este que separa quem se quer. Temos caminhado
sempre em direcção a tudo o que de nós está mais distante. E mesmo que isto não
seja exatamente assim, é assim que o sinto, agora, neste mesmo instante.
(A Puca apaixonou-se por ele e tem estado toda a manhã tão triste quanto nós. Nem come, a pobrezinha.)
1 comentário:
:( ...
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