Há momentos em que reina o desprezo por esta espécie a que
pertenço. Momentos em que acredito que o universo teria a ganhar se desaparecêssemos
da face da Terra. Momentos em que não acredito na emergência da nossa
humanidade.
Mas depois há os outros. Aqueles em que a tal humanidade
impera e se espelha nos gestos e nos rostos. Momentos em que é impossível não a
ver, não a sentir. Momentos de crença profunda nesta espécie a que pertenço e,
nesses momentos e não nos outros, enchem-se-me os olhos de água e comove-se-me
o coração como nunca.
Hoje, sentada num lar de terceira idade a ouvir tocar e
cantar, foi um desses momentos.
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