Recorrer a um hospital público neste país pode transformar-se numa experiência deslumbrante.
Em primeiro lugar convém que tenha sido atropelado por um camião, que lhe tenha dado um AVC daqueles que o arrumam logo à primeira ou que o coração claramente lhe falhe, enfim – convém que algo de imediatamente grave lhe tenha acontecido, a não ser, é claro, que seja uma daquelas pessoas a quem um dia passado entre gente atacada por germes de todos os tipos provoque um prazer mórbido ou alguém que acredita que a vida é uma aventura ao jeito do Hollywood e embora lá correr riscos. Nestes casos, recomendo vivamente que se inscreva nas urgências de um hospital público, de preferência o Garcia de Orta, onde poderá passar cerca de 12 maravilhosas horas entre cenários mais ou menos grotescos.
“O pior hospital do país”! As palavras não são minhas, são de um dos diretores de um dos serviços que conhece outros hospitais e afirma que nenhum iguala a má gestão do Garcia de Orta.
O pessoal que por lá presta serviço, pelo contrário, e aqui sim, sou eu que o digo, é contudo profissionalíssimo, afável, organizado, estupidamente trabalhador e muitíssimo competente. E foi por isso, e só por isso, que após cerca de 12 horas enfiadas entre as suas inúmeras paredes, de lá saímos com uma resposta precisa para a febre que assola a minha mãe de 80 anos desde a passada 4ª feira e que chegou a ser diagnosticada por uma incompetente do posto médico da Charneca de Caparica, como uma gastroenterite quando, afinal, tem vindo a desenvolver, e a agravar, uma infeção no pulmão direito.
Sim, eu sei, esta não é a típica situação para se recorrer a um hospital e são casos como este que entopem as urgências. Mas quando o serviço público de saúde tem, em certas localidades, quase nada para oferecer, o que resta a quem não pode recorrer ao privado, senão o hospital onde, apesar de se sujeitar a uma exposição prolongadíssima a todos os “bichos” que por lá habitam, encontra gente disposta a tudo fazer para encontrar o mal que a assola?
2 comentários:
É o espelho do nosso país.
As melhoras da mamã. Beijinho a ambas.
:( É difícil, por vezes. O nosso País está cheio de cenários desses. Ainda bem que houveram profissionais competentes no teu caso. Nem sempre acontece...
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