Faço parte daquele grupo de pessoas que compreende o papel
que cada um desempenha nas aventuras da vida, que é como quem diz – tem consciência
que a vida muitas vezes se limita a responder, de forma que até pode ser
graciosa, àquilo que lhe pedimos.
Não somos um grupo grande – digo eu, que não tenho qualquer
tipo de estatística a não ser este feeling de quem já cá anda há algum tempo. Grande
parte dos hominídeos crê no acaso, crença essa que facilita, e muito, a
vitimização desresponsabilizadora e sempre sempre muito confortável. Ah e tal, a
vida é uma merda e só me acontecem coisas más.
Não é. É tão só uma excelente oportunidade para nos
conhecermos melhor, para crescermos, enfim, para sermos verdadeiramente livres.
O que pode ser, e por vezes é mesmo, uma merda, é a nossa incapacidade de ver.
De se ver. E é com uma dessas incapacidades que eu ando às voltas, vai já para
alguns meses.
Sei que, tal como em tudo aquilo que me vai acontecendo na
vida, parte da responsabilidade é minha, mas não consigo discernir qual. Há
meses que espero respostas de gente de carne e osso que se queda no silêncio
deixando-me pasma, oscilando indecisa entre a minha responsabilidade – o que é
que fiz de mal, o que tenho eu que leva estas pessoas a ignorarem a minha
existência depois de terem até manifestado interesse no que eu tive para lhes
dizer? -, e a aceitação de que vivo rodeada de gente que, das duas uma, ou anda
de tal maneira transtornada que se incapacitou para o dia-a-dia, ou é,
realmente, muito mal formada. E, para ser franca, custa-me tanto a acreditar
nesta última – de resto é uma hipótese na qual eu não acredito nem que ela se
apresente nua em frente dos meus olhos -, que continuo às voltas com quem sou,
até descobrir o que preciso de fazer para inverter esta tendência de deixar que
outros me larguem, expectante e muda, na esperança sabe-se lá de quê.
1 comentário:
Não deixes de escrever.
E por tanto (aceção espanhola do termo), não deixes de viver.
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