Fizeram-nos acreditar na nobreza do trabalho braçal e da
pobreza enquanto enchiam os bolsos, e as casas, de descendentes ociosos e
loiças caras.
Ainda hoje há quem enobreça essa miséria – as artroses incapacitantes
e a falta de dentes de quem alancou fardos impossíveis e nunca ganhou para o
dentista. Mais!, de quem nunca conseguiu comer decentemente. Esse foi o
Portugal dos anos 30, 40, 60, do século passado. Um país pequenino e miserável,
de gente esforçada mas ignorante e absurdamente crente nas baboseiras
impingidas por uma religião que desde a idade média que faz de tudo, e quando
digo de tudo é de TUDO mesmo, para enriquecer mais e mais e mais e cada vez
mais. Uma religião que oferece o céu aos pobrezinhos! (Estou capaz de apostar em
como há quem dependa tanto dela que chegue a acreditar que os seus membros, ao
viverem na opulência, no conforto e na proteção que a maior parte dos povos nem
sonha, se sacrificam pela humanidade!...)
Portugal cresceu. O mundo cresceu. E a ignorância, embora
subsista, tende a ter cada vez menos voz. Vivemos num país que pode até estar
pobre – na verdade nunca foi rico -, mas que se soube munir de instrução, cultura
e conhecimento. Um país repleto de gente difícil de enganar e, por isso mesmo,
mais difícil de manobrar. Contudo, continua a existir um fator dominador que
deve, que tem de ser combatido. E hoje, tal como ontem, só funciona na divisão.
O medo de ser despedido; de não encontrar sequer emprego; de não ter meios de
subsistência leva à submissão, à aceitação muda de estados ilegítimos, injustos
e perniciosos. O medo de seguir em frente; de casar; de ter filhos levará a seu
tempo ao desaparecimento de nós.
Ficarão eles. Aqueles que não sabemos bem quem são mas que
continuam, ainda que de formas mais subtis, a dominar as massas que somos nós.
Mas uma coisa é certa, da forma como temos crescido, cada vez mais terão de
aguçar o engenho e, com o tempo, também eles hão de perder poder.
3 comentários:
Ai, acabei de apagar o comentário... Bem, resumidamente, eu não creio assim tanto na nossa evolução e o que ouço nas lojas de bairro em plena Lisboa desespera-me. O "pobre mas honrado", o trabalho no campo "que não cura mas também não provoca maleitas, como os trabalhos da cidade, com todo o stress", o "malvado trabalhador grevista" que leva o país à falência e o "esperto político que se enriqueceu à custa do que nos roubou, fez bem, que se fosse eu fazia o mesmo". E quando me dizem para não deixar a cadela tocar-me na barriga, ou a criança vem com sinais peludos?!? Ah, e em relação à religião, quando católicos praticantes não sabem nem acreditam que o deus cristão é o mesmo que o judaico e o islâmico?!? Bem, o resumidamente já lá vai, e ficava aqui até amanhã. :(
:):):) Pois, de certa forma ainda somos um povo de crendices, mas isso é porque ainda vivem gerações que foram criadas nelas porque a coisa tende a acabar :) Não é falso que temos, agora, a geração mais instruída deste país :)
Sim, também tenho esperança nas novas gerações! Mas só quando deixarem de achar que o sol provoca constipações... :D
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