Pode até parecer estranho. Principalmente aos corações mais
radicalizados na tradição. Um funeral é uma despedida e uma despedida não é uma
coisa alegre, exceto, talvez, quando o prazer de ver toda a família reunida
suplanta a tristeza de deixarmos de ver quem partiu.
É certo também que as partidas dos mais velhos custam menos,
custam-me menos, do que as dos mais novos. No seguimento do texto anterior,
chorei muito a perda da primeira das irmãs. Porque era a mais nova e porque
deveria ter tido mais vida pela frente; deveria ter conhecido as netas lindas
que veio a ter. Deveria ter estado mais tempo entre nós.
As outras irmãs, aquela de quem nos despedimos há seis anos
e esta de quem nos despedimos hoje, deixam saudades mas a sua viagem faz
sentido. Foram no tempo delas. Conheceram netos e bisnetos. Foram felizes,
tanto quanto o souberam ser. E as suas memórias repousarão em nós até que a
morte, que as levou, nos leve também a nós. Assim é a vida. Uns nascem, outros
morrem e hoje eu conheci o membro mais novo da família, uma Madalena de seis
meses linda linda!
Rodeada de todos os que amo, fui feliz. E se o céu existe,
ou aquilo que lhe quiserem chamar, a minha tia também o foi porque não há, não
pode haver, maior felicidade do que aquela de estarmos rodeados dos nossos, e
ela hoje esteve.
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