Os medos vêm da falta de fé. Ninguém me tira isso da cabeça.
É claro que se quisermos fazer uma análise pormenorizada a cada um deles
descobrir-lhes-emos sustentações antigas, infiltradas à laia de raiz cujos pelos
radiculares mergulham mais e mais no negro da terra em busca de alimento. Mas
não deixa de ser falta de fé. Quem acredita - seja num Deus protetor, em si
mesmo, no Universo ou simplesmente na vida -, quem sente a energia que
constitui tudo e todos, sabe que o medo não tem razão de existir. Sabe que o
medo é, na verdade, o pior dos inimigos e o único a ser temido.
Quem tem fé não tem medo. E é por isso que não posso deixar
de me surpreender com devotos dominados por ele. Medo da morte; da doença; da
pobreza; da solidão… eu que sou crente sem pertencer a lado nenhum, religiosa
sem religião, sempre que sinto medo evoco medos maiores e sossego, porque sei
que a vista é curta e nada do que se vê, vive ou sente acaba aqui.
E já estive mais longe, muito mais longe de acreditar no
poder do querer. O que falta, e isso sim falta, é o querer. Aquele querer com
garra. O querer mesmo. O que nos leva para a frente e não nos deixa desistir. Esse
é que me parece que, com os anos, se vai esmorecendo. Deve ser o cansaço.
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