Gostamos de acreditar que lemos para
ficar mais informados mas, na verdade, lemos apenas o que nos interessa, que é
como quem diz – lemos tudo o que podemos para corroborar aquilo que acreditamos
saber já.
E isto acontece principalmente a quem
estudou. Não, não me baseio em nenhum estudo. Aliás, nem sei se há estudos
sobre o tema. Baseio-me naquilo que vejo à minha volta, que não é menos do que
aquilo que outros, com a mesma idade que eu, já viram também e, por muito que
isso moa certas pessoas, vale tanto ou mais do que as leituras que fiz e
continuo a fazer.
O que separa a experiência pessoal de
certos estudos é a ausência de registo, de submissão às estatísticas e de
aprovação oficial. De resto, depende apenas da intensidade com que cada um vive
e das voltas que a vida vai dando – a uns mais do que a outros. Desprezar esse
conhecimento só pode ser ou inveja ou ignorância.
Estou em crer que o ser humano tem um
limite de armazenamento que, uma vez atingido, faz com que passemos a recusar o
novo que vem dos outros, salvaguardando assim um pequeno espaço para as
surpresas que a vida nos vai pregando pelo caminho.
É óbvio que tudo isto não impede que
continuemos a querer acreditar que a nossa experiência, conhecimento e
sabedoria ultrapassam grandemente os do vizinho do lado quando no fundo, cá bem
no fundo, sabemos que quanto mais agitamos a bandeira do eu é que sei mais revelamos
as nossas incertezas e uma necessidade primordial de sermos aceites e
respeitados, sobretudo, respeitados.
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