segunda-feira, 11 de abril de 2011

Não se pode andar para trás no tempo. Todos sabemos isso. Não quer isto dizer que não tentemos, de vez em quando, repor ou reaver algo que o tempo nos roubou ou que deixámos ficar para trás. E isto pode até ser positivo, assim como uma segunda hipótese, uma segunda oportunidade. O problema é que a natureza das coisas que pretendemos recapitular é sempre humana e, por isso, depende de outros e não apenas de nós. Como explicar a esses outros que se lamenta a perda? Como dizer-lhes que esperamos deles aquilo que já nos foi devido mas que, ainda que continue a ser, já não faz tanto sentido? Como?

Por força das circunstâncias deixei de contar com os meus pais no início da adolescência. Por circunstâncias bem mais ténues tenho-os, hoje e novamente, ao fim de tantos anos!, a habitar a mesma casa. É estúpido da minha parte querer que eles sejam uma coisa da qual se desabituaram há tanto tempo – ser pais? Provavelmente é. Até porque, se sempre fui vista como a detentora da força, por que carga d’água haveria eu de precisar, agora, de pai e mãe?!

1 comentário:

Sputnick disse...

Precisar, precisamos sempre, nem que seja por vias menos evidentes. Até logo :)