A inércia não está dependente apenas das leis da física. Ela existe em tudo o que é movimento, até no movimento provocado pelo decorrer da própria vida.
Ficamos presos a uma situação, por um período que pode ser maior ou menor, consoante a intensidade exercida por essa mesma situação na nossa vida, mesmo depois de ela terminar.
Na passagem de uma situação boa para uma situação má, levamos algum tempo a adaptar a nossa forma de estar à nova situação e há até quem chame Negação a esse tipo de comportamento. Eu prefiro chamar-lhe Inércia.
Não é diferente quando se passa de uma situação sofrível para uma consideravelmente melhor. Leva-se também algum tempo a “digerir” a nova situação. E é em grande parte por esta semelhança que eu prefiro chamar-lhe Inércia a chamar-lhe Negação. Quem, em seu perfeito juízo, negaria uma situação boa em detrimento de uma menos boa?!
Quem me tem acompanhado, ao longo destes dois anos e alguns meses, sabe que a minha vida, como provavelmente a vida de tanta gente, é um poço de mudanças – umas para melhor, outras para pior mas isso é coisa que só se sabe quando passa a tal inércia e eu adapto o meu estado de espírito à minha nova vida, cercando-me de medos ou libertando-me deles, ainda que temporariamente.
Uma coisa é certa – à medida que as experiências se acumulam e as situações se ultrapassam, o medo vai tendo cada vez mais dificuldade em ocupar certos espaços. Ainda assim o energúmeno arranja sempre maneira de entrar.
Eu estou hoje a dar início ao movimento contrário, pelo que estou numa de gozar este momento vedado ao medo. Tenciono prolongá-lo o mais que puder e tenciono, sobretudo, aproveitá-lo para construir algo que possa servir de barreira intransponível ao endemoninhado, porque se há coisa que vale a pena combater é o Medo.
1 comentário:
A nossa fragilidade, não nos permite viver sem ele... Ainda assim, quanto mais distante o tivermos, mais avançamos, disso. não tenho dúvidas :)
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