Comprei um tónico cerebral muito fácil de tomar. Na caixa destaca-se a expressão: Cápsulas de Abertura Fácil. Quanto às instruções da toma, é preciso agitar, abrir, tirar a tampa, e beber o conteúdo “de imediato”.
São cápsulas cilíndricas, em plástico. Bastante robustas. À primeira vista parecem ter uma tampa que entra pela cápsula dentro e é a partir desse pressuposto que se agarra na cápsula com a mão esquerda e na tampa, que possui uma extremidade em forma de bico, com a mão direita, e se tenta ”tirar a tampa” – rodando? empurrando? puxando? Tudo isso. Não sai à primeira, não sai à segunda e nem à terceira ou à quarta. A “abertura fácil” transforma-se num pesadelo com efeitos nocivos para um cérebro que precisa de tónicos.
Muda-se de táctica – empurra-se para lá e puxa-se para cá, em movimentos sucessivos que não fazem moça nenhuma a um plástico grosso e, de certa forma, maleável. Vai e vem e fica na mesma. Recorre-se aos dentes. “Mastiga-se” praticamente o bico da tampa enquanto se vai agitando o conteúdo, conscientes que já passou o prazo que medeia os três passos: agitar, abrir e beber “de imediato”. A tampa balança mas não cai e continuamos sem perceber se um pequeno cilindro vai sair de dentro de outro como a textura transparente da cápsula e o comportamento do líquido lá dentro nos faz crer, ou não. Aumenta o receio de uma abertura explosiva que atire com o líquido para parte incerta. Desiste-se dos dentes quando se vê o bico da tampa amassado e ela sem sinais de abertura. Procura-se na caixa o resto das instruções que tenham, de preferência, um desenho do procedimento – nada. Volta-se à azáfama de empurrar para trás e para diante o estupor da tampa que resiste, mais por descargo de consciência do que por se acreditar que algo de bom saia dali.
Finalmente a tampa cede! Cede e parte-se tal e qual como as de vidro – por um grosso e resistente picotado que tem na base. O pequeno cilindro que dentro do cilindro principal dá a ilusão de se tratar de uma tampa que encaixa no frasco, afinal não passa de um reforço! A tampa parte-se, tal como as de vidro, é preciso é ser persistente e não desanimar. Está ultrapassada a primeira barreira que nos faz crer que afinal somos capazes! Mas, se o seu cérebro estiver deveras cansado, recomenda-se que entregue a uma segunda pessoa a tarefa da primeira abertura, não vá você desanimar...
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