sábado, 22 de outubro de 2011

O desconhecido

Nascemos, crescemos e morremos sem saber exactamente qual o propósito de tamanha travessia. E sabendo de fonte segura que mais cedo ou mais tarde partiremos desta vida, confundimo-nos amiúde com o valor das escolhas. Qual deverá ser o seu fundamento? O nosso prazer? O prazer de outrem? O presente? O futuro?

Mas mais profunda que todas estas imprecisões é a sua inexistência. O passar pela vida sem pensar sequer, sem olhar para dentro, sem querer saber dos porquês e para quês que, não dando respostas precisas, servem para nos conhecermos e para nos ajudar a redefinir o trajecto, abrindo caminho aos que hão-de vir, ajudando o todo a crescer e prevenindo, porque "mais vale prevenir do que remediar", a passagem para o desconhecido, é um risco. Porque é isso a morte – um desconhecido que tanto nos pode transportar para o vazio, para o nada, como para outro lugar qualquer onde conte, quem sabe?, os progressos que alcançámos enquanto por cá vivemos. 

E aqueles que se revoltam, sempre que este tema vem à baila, e aqueles que afirmam do alto da sua sabedoria que "se morre e pronto. Tudo acaba", têm medo de admitir que da morte sabem tanto quanto aqueles que afirmam que "partem para outra vida" e que a legitimidade das suas palavras não é maior e que quem manda em todas as matérias sobre as quais o Homem não alcança, ainda, qualquer tipo de conhecimento, é a crença e nada mais do que crença. Que é como quem diz - é tudo uma questão de fé. Mesmo para aqueles que precisam, incessantemente, de a  negar.

3 comentários:

CF disse...

A morte é um tema com o qual simpatizo à muito, por tudo o que a envolve. Não falo muito dele, que nem sempre é bem aceite. Assusta, revolta, trás sentimentos de medo e de fuga. Mas a realidade é mesmo essa, dela, pouco sabemos. Apenas que o corpo sucumbe. Quanto ao resto que nos pertence, não sabemos. Julgo ser esse desconhecimento que assusta as gentes.

gina henrique disse...

Eu confesso que este tema não me agrada particularmente, e a principal razão é mesmo o desconhecido e a certeza que por mais que procure o meu conhecimento sobre isso não avançará muito, logo é uma questão que eu tento resolver fazendo sempre o melhor que posso e sei enquanto por aqui andar e assim sendo não carrego pesos de consciência nem cá nem lá !!!

Sputnick disse...

Acredito que morte, é o fim. Mais um motivo à minha indignação, quanto ao desperdício da vida.