Chovia desalmadamente quando cheguei à porta do restaurante tentando que um chapéu nos cobrisse aos três. Lá dentro caras de há mais de trinta anos – long time no see – e só o correr da noite trouxe as memórias mais vadias, aquelas que nascem dos cruzares e dos encontros mais esporádicos. O Loução animou a festa que se deixou animar por ele. Um medronho de qualidade superior circulou por entre as gentes que apreciam este tipo de bebida. Eu passei. Bebidas brancas não dão comigo, queimam-me as entranhas. Não vi ninguém a cair e pensei que foi preciso chegar a esta idade para sermos capazes de ser sem precisar de empurrões. Só o Jorge e nós, aos pulos.
É bom sentirmo-nos em casa. Gostei tanto de estar convosco! Foi como um oásis, uma ilha de passagem que naquele momento me recebeu, aconchegou e me fez sentir parte de qualquer coisa.
Passou o efeito quando desci a rampa em direcção ao carro. Já não era tanto a chuva, mas a escuridão e o silêncio. Um grupo de três rapazolas anda há dias a roubar quem quer que passe pela rua de onde eu saio, obrigatoriamente, todos os dias. Onde me detenho a fechar grades, noite escura, e a olhar por cima do ombro, tal e qual fiz quando de visita ao Brasil.
Já não me sinto em casa no meu próprio país!
Um cão. Um cão poderia ser uma solução, para isso e não só. Mas a Laika não é esse cão. Muito maior do que parece aqui no écran, não pára de ladrar numa zanga que se lhe entranhou na alma e que não somos nós que vamos curar. Tanto que há para cuidar por aqui!...Não, a Laika não. Talvez uma outra, quem sabe…
1 comentário:
E a laika já faz parte da família ou ainda está em projecto de adopção?!
Adoro animais sobretudo cães com quem convivi toda a minha vida.Há três anos tinha dois entretanto o cao morreu e foi um daqueles desgostos que deixam marca e uma saudade enorme,ficou a cadela de grande porte e muito pelo que sendo um problema é superado pelo amor que nos une.Um abraço e boas decisões.
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