sexta-feira, 5 de abril de 2013

A Verdade

Eu sei que nem devia escrever. Uma pessoa deprimida não deve escrever para os outros para evitar o risco de contágio e, qui ça, epidemia. Mas, compreendam, escrever é para mim uma forma de catarse. Se não o faço rebento, apesar de ter consciência que, nestas circunstâncias, nem sequer o faço bem feito ou digo coisas por aí além, mas vocês, que poderão eventualmente estar aí desse lado, têm melhor remédio do que eu – podem não ler, enquanto eu, se não escrevo...enfim, rebento.
Em boa verdade não sei para que lado me hei-de virar. Toda a gente opina em todo o lado, incluída estou eu no molhe, e cada um desabafa aquilo que vê, que vive, que sente apesar de, como me dizia ontem uma amiga muito querida, os pontos de vista variarem tanto quanto variam as possibilidades de verdade e, acreditem, são inúmeras, o que varia muito pouco é o número de pessoas que tem consciência disso e aceita abrir a mente para possibilidades estranhas aos seus próprios olhos.
Decidi, assim, fazer todos os possíveis por abrir a minha mente embora precise, claro, que me expliquem os pontos de vista tintim por tintim uma vez que serei sempre uma novata naquilo que os meus olhos não veem. Por outro lado, decidi também concentrar-me mais nos meus instintos a fim de tentar conhecer melhor as minhas verdades não ande eu a ser enganada por estímulos pontuais e cega por instintos de sobrevivência sabe-se lá de quê!... É que reagir é mais fácil do que agir, pelo menos para mim, e nem sempre mais delicado…
Para pôr em prática este meu propósito olho o céu, que está azul que se farta, pelo menos agora, pelo menos por aqui, e interiorizo que a Primavera está aí e que essa pode ser a minha verdade de hoje. Verdade, aliás, que me acalenta a esperança da chegada do calor. No entanto, o embaciado das janelas diz-me que a temperatura baixou e que este frio, sempre polar porque o frio é assim mesmo, não há meio de desaparecer. E assim fico na mesma, a braços com uma meia verdade, ou mesmo uma não verdade, que é aquilo com que andamos a viver sei lá há quanto tempo convencidos que não senhor, estamos em poder Da Verdade, aquela, a única, a verdadeira.
E o vento, meu Deus! o vento!
 

2 comentários:

Sputnick disse...

Beijinho e xi-coração, Amiga.

Urbano Gonçalo de Oliveira disse...

Olá! Gostei desta "lavagem" de alma! Como eu te compreendo quando dizes que se não escreveres rebentas ...
Sabes ... existe aquele filme com um título sobre o vento " E tudo o vento levou", não é?!! Porque não o deixas levar tudo o que é superficial e até ... voa?!!
Bj, fica bem.