sábado, 20 de abril de 2013

O que me apetece

Fazes sempre o que te apetece, disse ele num tom descontraído depois de me ter tentado seduzir com programações antecipadas e eu lhe ter respondido que claro! Se me apetecesse. Até porque amanhã será o dia, o único da semana, em que eu farei questão de fazer o que me apetecer. Fazes sempre! Atirou ele, sorrindo, bem-disposto.
Não é verdade. Não é verdade que faço sempre o que me apetece. Quem me dera! Mas é verdade que nunca, ou quase quase nunca, faço o que não me apetece. Não faço sacrifícios, por ninguém. Não me violento. Não faço favores. Tudo o que faço faço com gosto, mesmo que seja para outros. Especialmente se for para outros. Sendo claro que os outros não serão quaisquer uns.
Não faço sacrifícios. Não acredito em sacrifícios. Quem os faz, cedo ou tarde os cobrará e eu não quero que ninguém me fique a dever coisa nenhuma. Posso não conseguir tudo o que quero, mas tudo farei para chegar a um final feliz.
Não faço sempre o que me apetece, é verdade. Mas faço quase sempre. E quando não o faço, tento. E quando não consigo, fico pior que estragada e não espero para cobrar, cobro imediatamente, não vá a coisa azedar como vejo que acontece a tanta gente por aí – velhos azedos, arrependidos, frustrados. Eu, hem!

Sem comentários: