sexta-feira, 5 de julho de 2013

Os sovinas das notas

Não, não são notas de música e muito menos daquelas com que se compram as bananas, e todas as outras coisas que gostamos, ou gostaríamos, de comprar. São notas classificatórias estas de que vos falo, e os sovinas são alguns dos velhos professores que acreditam que ficam mais pobres se as derem e nem sequer percebem que, ao guardá-las para si, estão a limitar a concorrência dos nossos jovens às universidades internacionais.
 
Eu explico. Por exemplo, alguns dos professores do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, mais conhecido por ISCSP – outra coisa que não se compreende muito bem já que custa tanto a pronunciar -, principalmente na licenciatura em Ciências Políticas, acham que 14 é uma nota extraordinária. Tão extraordinária que dá direito a bolsa de mérito!! E quem não acredita pode ir lá espreitar. Estão lá os nomes daqueles que, tendo terminado a licenciatura com média de 14, foram agraciados com uma bolsa de mérito.
 
Ora, meus senhores, 14 é um cocó de uma nota em qualquer cidade europeia. Se querem ver os nossos jovens a frequentar mestrados nas melhores universidades da Europa, têm de ser menos sovinas. Até porque, se alguém merece bolsa de mérito, merece um 18 ou um 19.
 
Mas…espera! Se calhar não querem! Tu queres ver que é isso! Os fulanos não querem ver os nossos jovens nas melhores universidades da Europa porque eles também estão vendedores de mestrados! Tão queridos estes tugas! Depois de formados até podem andar à procura de um trabalhinho qualquer lá fora. Pode até ser a servir à mesa. Mas, para gastar em mestrado que o façam por cá.
 
Outra coisa que não deixa de ser curiosa é o facto de se tratar de política e de políticos. Sim, porque muitos do professores do referido Instituto, que é público para quem não sabe, são tipos que estão, ou já estiveram, ligados ao governo - a este ou a outro qualquer. E correm por aí vários boatos que esta gente não é de fiar, que coça para dentro, que tem enchido os bolsos à nossa custa. Enfim...da fama não se livram e quando uma pessoa que, como eu, que sabe tão pouco disto, se põe a pensar, surge-lhe logo um quadro duvidoso, nada favorável às boas intenções e seriedade dos referidos.
 
Contudo, e por muita maldade que circule por aí, a vida segue o seu próprio rumo e muitos dos nossos jovens, quer vocês queiram, quer não, estão determinados a procurar reconhecimento e mérito por outras paragens. Paragens mais fiáveis, mais sérias, mais isentas de interesses próprios e, mesmo que não consigam entrar, como gostariam, nas universidades de topo, entram noutras e piram-se daqui para fora.
 

2 comentários:

CF disse...

Ainda há professores que acham que se derem notas boas com frequência é porque não têm um elevado nível de exigência, logo, não são bons. Uma necessidade de afirmação constante, portanto... :)

Anaa disse...

É exactamente isto! Quem fala de ciência política fala de direito e quem fala de direito fala, também, de muitos outros cursos. Acho que é extremamente difícil para um aluno português entrar numa universidade de renome, as notas são dadas como são, cartas de recomendação não existem, experiência profissional/estágios durante o curso são raríssimos...realmente fica muito difícil.