sábado, 24 de julho de 2010

Das repetições

Há quem diga que tudo aquilo que nos acontece, seja bom ou mau, tem um propósito, uma finalidade que, mais cedo ou mais tarde, nos trará benefícios, sejam eles de que natureza forem.

«Deus escreve direito por linhas tortas» é, talvez, o ditado popular mais relevante dessa antiga tomada de consciência em relação à forma como a vida se processa.

Para quem acredita que Deus habita em cada um de nós é mais difícil a exoneração da responsabilidade própria nas escolhas que se fazem. Ainda assim, muitas delas são feitas inconscientemente, como se o nosso inconsciente tivesse um poder de alcance misteriosamente superior - o espírito sabe mais do que a mente, creio ser já uma verdade pois não há boca de onde não se oiça, pela menos uma vez na vida, que dormindo sobre certos assuntos a solução nos surgirá, como se, para tal, nos bastasse apagá-los, temporariamente, da dita.

Tudo tem, assim, uma lógica muito própria - um propósito que verte a nosso favor. Contudo, de pouco nos serve esse «instinto» que nos empurra para certas decisões se nunca chegarmos a compreender o objectivo do caminho a que cada decisão nos leva.

Pensar sobre o que nos acontece, porque é que nos acontece e onde nos leva exactamente o caminho que escolhemos ou o que é que o nosso espírito espera de tal decisão, é primordial, sob a pena de ficarmos agarrados indefinidamente a decisões que nos param no tempo e nos obrigam a ver uma e outra vez os mesmos episódios de certos filmes que já púnhamos de parte, não fosse a nossa, às vezes escassa, visão.

1 comentário:

Sputnick disse...

Subscrevo. Essas do destino, e do nada é por acaso, não soam bem. :)