Há sempre uma altura da vida em que as relações entre pais e filhos se tornam difíceis.
Quando eles nascem são motivo de tanto orgulho e trampolins para tanto crescimento que julgamos poder manter para sempre uma relação de amor e devoção de parte a parte. Mas a verdade é que chega sempre um momento em que a devoção desvanece, a deles, não a nossa. Um momento em que se tornam críticos e em que acreditam que o mundo é um lugar bem diferente daquele que os pais habitam. Perde-se, deles, a admiração e essa perda dói. Dói porque, de repente, sentimos que todo o esforço foi em vão porque não é reconhecido, e não tem de ser. Eles querem lá saber se sacrificámos isto ou aquilo por eles; se nos esforçámos muito ou pouco; se aquilo que têm e de que desfrutam é devido a mais ou menos esforço. Não querem, nem têm de querer, saber. Só mais tarde, muito mais tarde, quando a vida lhes entrar pela porta adentro; quando os filhos deles nascerem e eles estiverem, por sua vez, no nosso lugar, só então, se aperceberão daquilo que não se aperceberam antes.
Há sempre uma altura em que os filhos desiludem os pais e os pais desiludem os filhos e, nessas alturas, há pais que sentem uma enorme vontade de sair porta fora; de virar costas e dizer – desenrasquem-se; fiquem por vossa conta e vão ver como elas mordem… Mas este sentimento não é fruto de amor, mas de amor-próprio; não existe por vontade de educar, mas por uma estranha espécie de vingança, do tipo – não me reconheces o valor; talvez o faças se deixares de me ter.
É por isso que, nessas alturas, se deve respirar fundo, encher o peito de ar e mostrar de que fibra somos feitos. É nesses alturas que os filhos nos dão, verdadeiramente, a oportunidade de crescer, de provar que somos adultos inteiros, responsáveis, conscientes, e que o nosso amor por eles é incondicional. É precisamente nessas alturas que devemos estar, discretamente, mais presentes do que nunca.
Quando eles nascem são motivo de tanto orgulho e trampolins para tanto crescimento que julgamos poder manter para sempre uma relação de amor e devoção de parte a parte. Mas a verdade é que chega sempre um momento em que a devoção desvanece, a deles, não a nossa. Um momento em que se tornam críticos e em que acreditam que o mundo é um lugar bem diferente daquele que os pais habitam. Perde-se, deles, a admiração e essa perda dói. Dói porque, de repente, sentimos que todo o esforço foi em vão porque não é reconhecido, e não tem de ser. Eles querem lá saber se sacrificámos isto ou aquilo por eles; se nos esforçámos muito ou pouco; se aquilo que têm e de que desfrutam é devido a mais ou menos esforço. Não querem, nem têm de querer, saber. Só mais tarde, muito mais tarde, quando a vida lhes entrar pela porta adentro; quando os filhos deles nascerem e eles estiverem, por sua vez, no nosso lugar, só então, se aperceberão daquilo que não se aperceberam antes.
Há sempre uma altura em que os filhos desiludem os pais e os pais desiludem os filhos e, nessas alturas, há pais que sentem uma enorme vontade de sair porta fora; de virar costas e dizer – desenrasquem-se; fiquem por vossa conta e vão ver como elas mordem… Mas este sentimento não é fruto de amor, mas de amor-próprio; não existe por vontade de educar, mas por uma estranha espécie de vingança, do tipo – não me reconheces o valor; talvez o faças se deixares de me ter.
É por isso que, nessas alturas, se deve respirar fundo, encher o peito de ar e mostrar de que fibra somos feitos. É nesses alturas que os filhos nos dão, verdadeiramente, a oportunidade de crescer, de provar que somos adultos inteiros, responsáveis, conscientes, e que o nosso amor por eles é incondicional. É precisamente nessas alturas que devemos estar, discretamente, mais presentes do que nunca.
4 comentários:
Palavras sábias Antígona. Como de resto, já é hábito. Toma sorrisos :):) Muitos mesmo :):):):)
hummm, restinhos do jantar...
É preciso muita força para essas situações - os que optam por "retirar o amor" são pura e simplesmente egoístas, tomam o caminho mais fácil.
É sempre complicado adjectivar o que é substantivamente importante.
O afastamento não tem que ser um virar costas, um sair porta fora, um abandono, e muito menos egoísmo!...
Se assim fosse nunca poderíamos amar quem quer que fosse que estivesse a mais de meia dúzia de metros de nós.
Bem presente tenho dos irmãos que se amam e vivem bem afastados (um cá e outro numa ilha perdida nos confins dos países nórdicos.
Afastar não é desistir...
Afastar por vezes é só ganhar a distância para termos a certeza se estamos a ver bem, se o que sentimos é justo...
Afastar muitas vezes é só ganhar distância para um dia dizer... voltei!
Ricos pais afastados que muitas crianças têm!
No amor não existe o conceito de distância... quando existe... não existe amor.
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