Não sei o que se passa com a vida mas tem alturas em que parece oferecer um excesso daquilo que não se precisa. Eu preciso de descanso. O Verão atribulado por que passei, esgotou-me. E agora, que preciso tanto de mim, não sei onde hei-de desencantar forças para o caminho – e já falta tão pouco para lá chegar!
Foi nesse propósito que rumei à casa dos produtos naturais e vim apetrechada de melatonina; tirosina, serotonina, gengibre, taurina, ginseng, guaraná e taurina. Enfim, uma panóplia de plantas que espero me ajudem a equilibrar o sistema e a ressuscitar as vontades e as forças.
Dei início ao tratamento na noite de sábado e todos sabemos, ou quase todos, que estas drogas ditas naturais não são, na maior parte dos casos, de efeito imediato. Ando, por isso, há duas noites a deitar-me na esperança de que “hoje sim, vou dormir sem sobressaltos”.
Acontece que na primeira noite fui vítima de uma extraordinária baixa de temperatura que me obrigou a andar a caminho da casa de banho, em estado de sonambulismo e incapaz, por isso, de tomar uma decisão de fundo como, por exemplo, colocar uma mantita na cama e dormir um bocadinho mais aconchegada. Na segunda noite, a de ontem para hoje, fui brutalmente acordada por desavenças no andar de cima! E foram elas, as desavenças, que me trouxeram hoje aqui, à vossa beira.
Pois que no andar de cima vive um casal de idosos que tem uma filha que eu nunca vi, e já cá moro há mais de um ano! Pelo que sei não vive longe, mas dos pais quer distância. A senhora sofreu, há coisa de seis ou sete anos, um AVC que a deixou paralisada e o marido, que já passou dos oitenta pelo menos há dois anos, tratou de se munir de cadeiras de rodas (2) e de andarilhos (2) que espalhou pela casa de forma a facilitar a mobilidade da mulher e a poupar, penso eu, as forças dele – ou não.
Este casal que está por sua conta e risco precisa de ajuda e foi isso que eu lhe fui dizer esta manhã depois de ter passado uma noite inteira a ouvir gritos e pedidos de socorro. Depois de ter, à uma da manhã, saído da minha casa para me postar à porta deles de dedo na campainha sem que alguém me abrisse a porta. Depois de ter sonhado, nos poucos momentos em que cheguei a passar pelas brasas, com os maiores horrores domésticos que uma mente pode imaginar.
Não chamei a polícia. Tive vontade de o fazer mas não o fiz porque conheço o senhor e sei que ele precisa de ajuda, não de denúncias. Embora saiba também que um gesto desses pode, evidentemente, implicar a vinda da tal ajuda. Enfim, não estou tão certa disso. Não conheço os trâmites da nossa lei nem da sua prática.
Seja como for, deixei bem claro, esta manhã, que eles precisam de ajuda e que eu estou disposta a fornecê-la. De resto não tenho outro remédio – ou os ajudo a resolver a situação ou dou em doida e não há ervas que me valham.
Se alguém que me leia tiver conhecimento dos passos a dar em situações como esta, agradeço. Qualquer indicação me será útil. Já sugeri ao senhor que tentasse meter a mulher num lar da Santa Casa, que sei que é bom, mas o facto é que ele me parece relutante em fazer seja o que for. Na verdade parece-me que é caso para ser avaliado in loco por alguém da assistência social. Será que isso existe?! Vou tentar informar-me.
Obrigadinha por me ouvirem. Estava mesmo a precisar de desabafar.
3 comentários:
Ginseng? Ui Ui :)
Posso dar umas dicas. Ligo logo ou amanhã. Beijo.
A assistente social da área é a pessoa indicada para tomar conta dessa situação, para contactar a técnica do serviço social liga à segurança social mais perto ou à junta de Freguesia onde as assistentes sociais também costumam fazer atendimento e boa sorte.
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