Estou por um fio. Aliás, creio mesmo que estou por um fio há
anos. Provavelmente desde os 16, ou quem sabe, antes ainda. Eu sim, tenho
vivido no fio da navalha. Atiro-me para a frente para mostrar que não tenho
medo de nada, quando acordo todos os dias com o terror instalado no peito, do
lado do coração. Por vezes, quase sempre, apanha-me o estômago e o início da
garganta. É um terror que agita tudo o que existe por dentro. Um terror negro,
semelhante ao que se sente quando se cai num lugar escuro e frio. Não que
alguma vez tenha caído num lugar escuro e frio, mas não me surge outra
comparação – é como se já tivesse (caído).
Estou por fio, há anos. O que, provavelmente, implicará que
viverei até ao fim assim – por um fio. O mesmo será dizer que todas as minhas
investidas não passam de teatralização – crio a ilusão de evolução quando, na
verdade, me acautelo o mais possível para que o fio não quebre. É a chamada
fuga para a frente. E nem vale a pena pôr-me a pensar em esquemas para me
livrar deste estar. O mais certo é que cada um mais não seja do que o
prolongamento de todos os outros, a não ser que consiga fazer como aquele tipo
da Alegoria da Caverna que resolveu romper com tudo e enfrentar a luz do sol.
Acontece que, para isso, preciso de saber onde fica a saída da caverna. Alguém
sabe por aí? É que parece que Platão acreditava que bastava a ousadia, a dúvida
e a agitação para nos dirigirmos para a saída, mas eu não estou assim tão certa
disso…
3 comentários:
Acredito que a nossa ânsia nos faz ver a saída da caverna onde na verdade temos apenas uma fresta, que deixa entrar um pouco de luz, para termos noção do que estamos a perder mas nunca o vivamos realmente... se encontrares a verdadeira saída, avisa...
PS: gostei do blog, fez-me pensar...
Obrigada Joana :) Assim que encontrar a saída - e que a identificar :) - aviso.
A saída é em Nosso Senhor Jesus Cristo
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