Sou uma pessoa que preza a liberdade e sempre pensei que a prezasse "acima de tudo". Na minha adolescência escrevi em letras garrafais no meu diário (sim, tive diários, dois na verdade): PAIS DEIXEM-ME VIVER! e outros disparates como este que os adolescentes gostam de escrever ou gritar quando se sentem vítimas de tudo e mais alguma coisa e sabem, de fonte segura, que o mundo está contra eles.
Sempre me insurgi contra ditaduras ou qualquer tipo de controlo exercido, directa ou indirectamente, sobre outros e, se algum dia eu mandasse, incorreria com certeza no erro de erradicar todos os fundamentalistas transformando-me num ápice num deles, ou talvez não. Seja como for não reconheço em ninguém o direito de opinar, quanto mais de determinar sobre as escolhas do vizinho do lado, muito menos de pessoas com quem nunca se cruzou na vida.
No entanto, se alguém em qualquer momento me viesse dizer que eu ou teria liberdade ou teria tecto e comida, eu não hesitaria na escolha. É que sem um tecto que me abrigue e nada para comer não há condições para lutar por liberdade nenhuma.
E assim se invertem as prioridades de um povo que, das duas uma, ou se concentra no crescimento e na produção acreditando que está no bom caminho e que chega lá. Ou aproveita agora, enquanto ainda come qualquer coisa e não lhe tiraram a casa, para lutar pela liberdade que acredita estar a perder. As duas coisas ao mesmo tempo é que não nos levam a lado nenhum.
Se calhar concentrávamo-nos agora na produção, e quando nos auto-sustentássemos preocupávamo-nos com a liberdade. É que não se é livre sem sustento. Isso de apregoarmos democracia e dependermos de outros que nem nos conhecem, para nos alimentarmos, não me parece uma boa política. De facto nunca me pareceu. Os acordos são muito bonitos enquanto as coisas correm bem, se resvalam é que são elas, ganham os mais fortes, aqueles que comem o que semeiam.
Já agora, uma curiosidade – sabiam que a Alemanha, durante este ano que agora acabou, criou uma porção generosíssima de novos postos de trabalho? E sabem em que sector, muitos deles? No primário – agricultura e pescas. Engraçado, não é?
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