Por instantes pensei em tentativa de suicídio, mas aquele ar de infeliz que ostentava, com o corpo apoiado nas grades como quem pede desculpa, fez-me mudar de ideias. Talvez tenha sido um acidente, ou uma imprevidência daquelas que nascem de uma ideia brilhante e depois dão em logro e põem em risco a vida sem ter sido essa a intenção.
As gotas de água estavam por todo o lado, escorriam pelos vidros, pela máquina de café e pelo rádio antigo que jaz ao canto da bancada e lhe serve de inspiração quando quer cantar e tudo o resto falha. Pelo chão… Rémiges, rectrizes, tectrizes…nem a plumagem escapou – todo ele era água. O pobre Ernesto decidiu, vá lá saber-se porquê, mergulhar na fantástica piscina que lhe ocupa o chão da gaiola. Perguntei-me o que podia fazer para o ajudar e foi a minha prima que entretanto telefonou para desejar um bom ano que me sugeriu o secador de cabelo. Distanciei-me o suficiente para não o traumatizar e lá o vi mais animado, ao calor do ar, inchando a plumagem e sacudindo-se, orgulhoso de tanto amarelo.
Hoje acordei com o seu canto. Foi um alívio. Cheguei a pensar que o bicho não passava de Dezembro.
3 comentários:
Oh pá, puxa. No inicio do texto pensei o pior... Viva ao Ernesto. E à Dona, e ao seu canto, e que te encante todo o ano de 2012. Beijos grandes.
Feliz 2012, cheio de sorrisos e alegrias e muitas surpresas... O Ernesto quis tomar um banhinho, tadinho... bjs
Esse Ernesto devia concorrer aos prémios da RFM, eh eh. Bom Ano e beijinhos.
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