Que o mundo está em mudança não é novidade. Pese embora o facto das mudanças se fazerem sentir mais, ou menos, sempre esteve. E que nunca essas mudanças estiveram de acordo com a intensidade com que se fizeram sentir, também é verdade. Sempre nos parece que tudo muda quando tudo, afinal, pouco ou nada se desloca, tal e qual o sobressalto de estar parado, dentro de um automóvel, e sentir que ele, de repente, começa a andar para trás. Nunca lhes aconteceu? Estarem parados ao lado de um carro que começa a andar e ter a sensação de que quem anda são vocês? E para trás, ainda por cima! É um bocadinho assustador. O coração dispara e só abranda no momento em que se compreende o que se está a passar. No momento em que somos capazes de interpretar o acontecimento.
Pois é isso que está a faltar neste sobressalto em que vivemos. Uns mais do que outros, mas todos, estou em crer. Sobressalto por esta mudança que se faz sentir, tal como as outras, e que não se sabe ao certo qual a dimensão, e nem a direcção. Há até quem diga que o melhor é nem falar sobre isso; que o importante mesmo é não nos deixarmos arrastar pelo medo. Concordo. Não podemos deixarmo-nos vencer pelo medo. Precisamos, acima de tudo, de olhar lá para fora e perceber porque é que estamos a andar para trás, se todo o nosso esforço está concentrado em não perder o lugar.
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