domingo, 27 de maio de 2012

A crise...


...espalhou-se rapidamente por toda a Europa e faz-se sentir pela maioria, independentemente do nível de vida a que estavam acostumados porque quem desce desce sempre e as dificuldades medem-se numa relação com o que se tinha e não com o que o vizinho tem.

Curiosamente, e numa atitude que facilmente pode ser interpretada por fuga à realidade, ela faz-se sentir mais nas pequenas do que nas grandes coisas. As pessoas deixaram-se de pequenos gastos mas continuam, teimosamente, a alimentar alguns dos maiorzinhos. E assim vimos espetáculos caríssimos a abarrotar; crianças ostentando telemóveis de última geração comprados ontem e um parque automóvel quase luxuoso de matrículas números-letras-números.

Contudo, os restaurantes estão vazios e os pequenos comerciantes em vias de fechar portas.

Solidariedade seria deixar de alimentar quem não precisa e guardar o pouco que sobeja, a quem sobeja, para alimentar os negócios mais pequeninos. Isso sim, seria solidário. Se é uma boa tática económica, não faço a mínima ideia, mas da forma como as coisas andam, se calhar, podíamos deixar a economia nas mãos de quem ela, ao fim e ao cabo, já está, e tratarmos de ir salvando quem está mais próximo. Quando mais não seja porque os grandes têm reservas que os pequenos nunca tiveram.

2 comentários:

Jardineiro do Rei disse...

Ora Antígona...

Ainda há muito boa gente que continua a assobiar para o lado a fingir que está tudo bem. E a verdade é que há uma classe que ainda não sentiu verdadeiramente a crise em que nos mergulharam. A crise sofre-a a classe média, que não tem como fugir... e os pobres. Mas os "pobres amadores", os da pobreza envergonhada, porque há uma classe em Portugal da qual ninguém fala... a dos "pobres profissionais", aqueles que se movimentam, sabiamente, nos corredores das Juntas de Freguesia, das Câmaras, das Misericórdias, do Rendimento Social de Inserção...

um abraço

joão

Goldfish disse...

Concordo tanto que nem sei como comentar. Ajudando os que estão próximo de nós e que são como nós, pode ser que nos vamos salvando uns aos outros. A migalha que os grandes nos "oferecem" sai do bolso dos que são como nós, não do dos grandes e, portanto, mais tarde ou mais cedo, vai sair do nosso bolso.