Quanto mais inserida estou nesta triste sociedade, amorfa, passiva perante todos os abusos que num passado, não sei já se muito ou pouco recente porque há factos que me confundem o tempo com as emoções que geram, eu não via, mais necessidade tenho de me afastar dela, mais anseio as coisas simples – as árvores; os rios; as aldeias; as hortas; os pinhais que ladeiam certos lugares; os pomares; o céu que se abre azul nas manhãs carregadas de uma brisa doce que antecedem os dias quentes de Verão.
Quanto mais inserida tenho de estar nesta sociedade que se degrada nos topos, mais à margem dela me apetece viver e mais acredito na urgência das ideias que dela nos afastem, porque só elas nos podem livrar do contágio.
Não vale a pena sonhar com grandezas e acreditar que se podem combater fantasmas. Os projetos demasiado globalizantes isolam poderes e geram cegueira. Só os deuses podem governar lá do alto. Não os homens. Nunca os homens.
Urge reduzirmos os espaços entre nós. Urgem as pequenas organizações comunitárias capazes de cultivar verdadeiramente aqueles que são o suporte desta aberração em que o mundo se tornou e que nós, porque dele fazemos parte, só agora nos vamos apercebendo. Há quem acredite que isto só lá vai com sangue. Com sangue; com ideias; com ações, seja com o que for, mas que seja.
Marginalizemo-nos, pois.
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