São osteopatas na maior parte dos casos. Embora alguns
fisioterapeutas sigam já um percurso mais liberto da medicina tradicional e,
digamos assim, mais ativo, o facto é que usam menos as mãos do que estes “novos
endireitas” que delas fazem os seus instrumentos de trabalho.
Ontem tive um cá em casa. Pegou-me na mão direita, fincou-me
os dedos nas costas da dita e exclamou: Como é que a senhora fez isto?! Tem os
tendões todos entrelaçados! Sei lá eu como fiz isso! só sei que as dores são
tantas que o braço, tal como a mão, deixou de ter préstimo.
Cerca de meia hora depois estava tudo no lugar com o aviso
que ainda haveria de doer. Não disse quanto, e eu acordei às três da manhã
convencida que me estavam a arrancar o braço a sangue frio. Não sou maricas,
não sou. Sou até daquelas pessoas que sofre em silêncio porque acha que se
gritar, ou se se queixar, todas as energias fogem para o grito, ou para a
queixa, e lá se vão as possibilidades de alívio. Mas, esta madrugada, as dores
foram alucinantes. Amaldiçoei o osteopata, pensei em telefonar-lhe – até porque
ele teve o cuidado de referir que o seu telefone está à disposição 24 sobre 24 –
para o insultar, para que me explicasse porque carga de água tinha vindo cá a
casa para aumentar ainda mais o meu sofrimento.
Agora, algumas horas depois desta primeira intervenção, nem
acredito que estou aqui a escrever, que consigo, ao contrário de há escassos
momentos, segurar no telefone com a mão direita e até, espantem-se, abrir a porta
com essa mão! Não estou curada, mas a mim parece-me milagre e hei de dizer-lhe
isso amanhã, quando ele cá voltar para a segunda sessão.
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