Há sentimentos mais difíceis de digerir do que certos
alimentos que nos moem o estômago e nos entopem as entranhas. Há sentimentos
inomináveis, extremados, antagónicos, bipolares, que nos semeiam culpas
escusadas e irreais, que nos provocam agonias de incapacidade e vertigens de
desventura. Sentimentos que nos arrancam a alma e com ela o estômago e o
coração aos quais, afinal, está agarrada.
Há sentimentos devastadores, que precisam de grande mestria
da parte de quem os sente e de quem os sofre. Mas nenhum, nenhum capaz de nos
arruinar se nós não quisermos. Nenhum maior do que nós. Porque o único que vale
a pena – o amor – ao contrário do que diz o poeta, que como tantos o confundiu,
é incapaz de devastar. Incapaz de levar ou entupir entranhas. Incapaz de semear
culpas ou de provocar agonias de incapacidade.
O amor é extraordinário, brilhante,
majestoso, gloriosamente humilde e generoso. O amor só é feliz na dádiva.
O amor regozija-se perante a alegria e a felicidade de quem se ama, venha ela
de onde vier. O amor é sábio. É livre. É poderosíssimo. E é uma pena que nós,
simples, mesquinhos e vis humanos, sejamos tão incapazes de o sentir.
1 comentário:
O ultimo paragrafo é uma das mais maravilhosas definições do amor, mas nós somos capazes e sentimo-lo tantas vezes caramba mas não por toda a gente pois como bem diz a menina nós afinal somos humanos e depois só mesmo Cristo para amar todo o mundo, não é ?!
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