Ontem, uma amiga chamou-me a atenção para a hipótese de eu
me encontrar “presa” num determinado paradigma que me impede de mudar
verdadeiramente o rumo à minha vida, pelo menos no que diz respeito a um vector
muito específico.
Fiquei a pensar no assunto e conclui que ela tem,
provavelmente, razão. A nossa mente pára por vezes num “frame” do filme que
protagonizamos – principalmente se for um daqueles mesmo fortes -, e ali se
acomoda convencida que é essa a sua realidade.
Por exemplo, sempre que sonho com casas, as ditas ou
estão em ruínas, ou em obras, ou simplesmente desfeitas, avassaladas sabe Deus por
o quê. A propósito disto, e porque hoje pela primeira vez em muitos anos sonhei
com uma casa linda, luminosa, toda mobilada e construída à beira do mar,
lembrei-me de um poema que um amigo teve a amabilidade de musicar e que escrevi
já lá vão alguns anos – “Dessarumaram-me a casa” -, e é verdade que sim, mas
também é verdade que apesar de todos os esforços que tenho feito para a arrumar
não deixo de a ver desarrumada como se fosse essa a sua natural condição.
Todos sabemos da importância dos amigos nas nossas vidas
mas, importâncias à parte, uma tarde passada em conversa com almas que respiram
em sintonias muito próximas pode fazer milagres. Quem sabe a partir de hoje a
minha mente passará a olhar a casa, e tudo o que ela significa, com outros
olhos – olhos de quem vê uma realidade bem mais positiva do que aquela que se
acomodou, há anos, na minha mente e me engana, dia após dia, fazendo-me crer
parada num “frame” de um filme que terminou há muito.
“Desarrumaram-me a casa”, aqui.
Não prometo - não gosto de fazer promessas que depois poderei não cumprir -, mas, quem sabe se daqui a uns tempos não escreverei um outro poema carregado de luz e de fadas, um poema onde não haverá lugar para o abandono, para a escuridão ou para as bruxas - principalmente para as bruxas...
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