Estou prestes a ser avó. É mais hora
menos hora e o meu estado altera-se, assim – progredindo, avançando no tempo e
no espaço como se estes existissem verdadeiramente, como se fossem reais. Há
bem pouco tinha dezasseis anos e o sol de Fevereiro brilhava. Lembro-me
perfeitamente – as plantas do jardim refletiam a luz. As folhas grandes e
grossas dos jarros encadearam-me quando abri o portão e entrei, antecipando o
sabor do doce de tomate feito há dois dias. Um copo de leite fresco, sem açúcar,
e uma carcaça a transbordar de doce de tomate…
Não havia ninguém em casa nesse dia.
E nem nos dias que se lhe seguiram.
Como cheguei até aqui? Que força é esta
que me tem empurrado ao encontro da vida?
Estou prestes a ser avó e, neste
momento, não imagino alegria maior.
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