Não, não vejo a minha filha quando nasceu, ou o meu
filho. Nem tão pouco me vejo a mim, à minha mãe ou ao meu pai que apenas
imagino através de imagens a preto e branco pouco nítidas e cada vez mais envelhecidas. Não vejo os avós, os tios
ou os primos. Vejo-a a ela, em toda a sua particularidade. A ela, um ser único
cheio de personalidade, sem pruridos nas exigências e perfeita na sua
compleição física. A ela, linda porque é também um pedacinho meu e linda porque
acredito que o será muito para além do que já é – se os nossos são os mais
bonitos nem sempre é porque realmente o sejam mas porque nos transportam com
eles e mal seria se não fossemos capazes de lhes ver a beleza.
Vejo-a a ela, e amo-a tanto quanto amo os meus filhos
porque não sou capaz de medir um amor que é incondicional e o meu amor por eles
é isso – incondicional.
Tenho o peito a transbordar graças a eles. Graças a ela,
neste momento e, se alguma coisa me entristece ou zanga, penso nela e tudo se
compõe – o mundo volta a ser um local maravilhoso onde acontecem coisas
maravilhosas. Não sei o que é ser avó, mas sei que se me pedissem eu poderia
ficar todo o dia junto a ela sem me cansar e que não me custa nada entregá-la
nos braços dos que a conceberam porque é esse o seu papel e essa a minha
sabedoria – não preciso dela para a amar, como não preciso dos meus filhos –
amo-os. Estejam onde estiverem, estarão sempre comigo e eu com eles. Talvez seja isto ser avó.
Amália
1 comentário:
linda :))))
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