domingo, 11 de agosto de 2013

Ser avó

Não, não vejo a minha filha quando nasceu, ou o meu filho. Nem tão pouco me vejo a mim, à minha mãe ou ao meu pai que apenas imagino através de imagens a preto e branco pouco nítidas e cada vez  mais envelhecidas. Não vejo os avós, os tios ou os primos. Vejo-a a ela, em toda a sua particularidade. A ela, um ser único cheio de personalidade, sem pruridos nas exigências e perfeita na sua compleição física. A ela, linda porque é também um pedacinho meu e linda porque acredito que o será muito para além do que já é – se os nossos são os mais bonitos nem sempre é porque realmente o sejam mas porque nos transportam com eles e mal seria se não fossemos capazes de lhes ver a beleza.
 
Vejo-a a ela, e amo-a tanto quanto amo os meus filhos porque não sou capaz de medir um amor que é incondicional e o meu amor por eles é isso – incondicional.
 
Tenho o peito a transbordar graças a eles. Graças a ela, neste momento e, se alguma coisa me entristece ou zanga, penso nela e tudo se compõe – o mundo volta a ser um local maravilhoso onde acontecem coisas maravilhosas. Não sei o que é ser avó, mas sei que se me pedissem eu poderia ficar todo o dia junto a ela sem me cansar e que não me custa nada entregá-la nos braços dos que a conceberam porque é esse o seu papel e essa a minha sabedoria – não preciso dela para a amar, como não preciso dos meus filhos – amo-os. Estejam onde estiverem, estarão sempre comigo e eu com eles. Talvez seja isto ser avó.
 
Amália