sábado, 7 de janeiro de 2012

Dia de Reis

Finalmente relaxo. Junto à lareira jaz a árvore ainda iluminada lembrando o dia de reis, que foi ontem, e a necessidade do seu regresso à prateleira de cima da casa das arrumações onde as tendinites dificilmente me deixarão chegar. Ligo para os miúdos mas eles não me atendem e penso que terei de o fazer sozinha, tirar um a um os enfeites pela enésima vez. E neles relembro lugares e dias, uns melhores do que outros mas todos já passados. Os enfeites, no entanto, não caíram em desuso nem estão desapropriados. O tempo passou por eles limpando-lhes as origens e agora são daqui como se sempre tivessem sido. Não me ofendem, não me desiludem, não me entristecem.

Meto mãos à obra, devagar, sem me cansar. Saboreando cada momento e mimando cada objecto, aconchego-os nas caixas onde esperarão por um outro Natal que chegará daqui a alguns meses. E que depressa que passam! Só a luz do dia pode separar este momento do próximo. Quem sabe o sol brilhará como hoje, projectando as sombras dos arbustos na relva. Quem sabe cá dentro tudo estará aconchegado, tal como agora. E, se assim for, tudo estará como deve de estar, nem mais, nem menos.