Antigamente era comum aparecer dentro de certas publicações uma errata, um pequeno cartão que tinha o dom de reparar todos os erros impressos na respectiva publicação. Por vezes eram tantos que o melhor mesmo era assinalá-los logo no início para não se ser obrigado a andar de trás para a frente e da frente para trás.
Não me recordo se essas erratas existiam nos jornais. Provavelmente, nessa altura, eu não lia jornais. Mas existiam em abundância nos manuais escolares, em dicionários e naqueles livros da Verbo que tinham muitas gravuras e sabiam tudo acerca de animais, rochas e povos longínquos que usavam pratos nos lábios e cujos lóbulos se estendiam até aos ombros.
Na semana passada apareceu uma errata, num jornal nacional, para repor uma troca que numa edição anterior tinha misturado nomes com factos. Provavelmente já ninguém se lembrava do erro e muitos nem deram por ele. Mas fez todo o sentido repor a verdade quando mais não fosse pelos directamente envolvidos que não devem ter gostava nada de ver o seu nome misturado com factos alheios.
Esta coisa da errata é uma faca de dois gumes. Se por um lado satisfaz os directamente envolvidos, por outro relembra tristes enganos que, sabe-se lá, podiam até já ter caído no esquecimento. Como saber então o que fazer? Eu nunca sei. Detesto os enganos quando são meus. Detesto-os. Detesto-os de tal maneira que acabo a fazer alarde deles exibindo-os como se fossem troféus! E quanto mais erratas escrevo, tentando repor a tal verdade, mais me enterro, e aquilo que podia ter passado despercebido transforma-se em notícia de primeira página.
É clara para mim a premência da aprendizagem de gestão interna dos meus enganos, erros e broncas. Portanto, a partir de agora, fiquem-se com os erros e esqueçam correcções.
1 comentário:
:) Já vi em revistas e jornais. Confesso que tb não gosto dos meus, que detecto por vezes e tento emendar. Julgo que na maioria das vezes os dos outros me passam despercebidos.
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