Não percebo de economia, menos ainda de política, pelo que aquilo que vou dizer vai com certeza soar a disparate a quem percebe. No entanto, pensem que por vezes o facto de percebermos muito de uma coisa nos restringe os raciocínios, balizando o campo dos pensamentos e, por vezes, as respostas podem morar para lá desse campo. Nunca se sabe…
Posto isto, passo ao disparate. Confundem-me as relações emprego/produtividade; desemprego/estagnação. Por vezes parece-me que o objetivo da criação de emprego está muito mais ligada à necessidade de um rendimento que nos sustenha do que à necessidade de produção deste ou daquele bem. Eu explico, imaginem, por exemplo, que se abrem minas que na verdade não trazem mais-valia ao PIB, muito pelo contrário, dão prejuízo, mas que se ativaram apenas para criar emprego. Não sairia mais barato financiar as famílias que dependem das minas e, em simultâneo, ajudar cada um dos seus membros a descobrir para que servem, o que sabem fazer, de que forma poderão ser verdadeiramente úteis à sociedade, nem que seja, e reparem bem na pobreza desta afirmação, nem que seja no campo das artes?
Não estaremos enganados ao acreditar que quem não faz qualquer coisa socialmente classificada como útil, não merece usufruir dos bens que os outros usufruem? Mesmo aqueles que fingem que produzem?
Não estaremos enganados na classificação das várias atividades humanas, quando valorizamos umas mais do que outras?
Será que não vale a pena rever os valores e, em vez de estar à espera que meia dúzia de pessoas invente trabalho, começarmos a aceitar que cada um de nós pode valer apenas, e até, pelo facto de existir?
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