A Puca entrou em delírio, precisamente às 22:30, cerca de três quartos de hora antes de eu chegar de um jantar com afilhados de casamento que não via há tempo de mais e que me soube por uma boa parte da vida – não o jantar mas a companhia, entenda-se. Entrou em delírio e, como doida, correu pela casa toda gritando apertos fisiológicos enquanto a minha mãe, de folha de jornal em punho, rezava para que ela fosse capaz de se aliviar na dita. Sem saber ler nem escrever a Puca entendeu que uma folha de jornal não merece tal desprazer e preferiu aliviar-se nos ladrilhos da sala e da cozinha. Não percebi se o espalhamento se deveu a uma loucura momentânea ou se ocorreu na sequência da fuga ao jornal.
Agarrar na desgraçada e levá-la à rua quando a rua é mesmo aqui, com árvores e tudo, é que não porque à noite uma senhora não sai. Antes andar de rabo para o ar a limpar sabe Deus o quê. Até porque é preciso ter motivo de queixa que isto de jantar sozinha não dá com nada!
Mal sabe ela que a mim não me aquecem nem arrefecem estes apartes e que, com Puca ou sem Puca, não recusarei um convite para uma boa conversa.
1 comentário:
E fazes tu muito bem :)
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