A mãe, que recebe uma pensão de subsistência desde que o pai teve de recolher ao lar da Stª Casa, foi obrigada a deslocar-se ao centro de saúde aqui do burgo para pedir um papel que comprove que está, sempre esteve, isenta de taxas moderadoras. Exigiram-lhe, a ela e ao meu pai que tem declarados 80% de invalidez e uma pensão de reforma que já conta com trinta e sete anos, infelizmente, comprovativos de rendimentos que provem que não podem pagar as ditas taxas.
Entretanto, não param de chegar mails com fotografias de casas impossíveis, edificadas no Caribe, de um luxo obsceno; no Algarve, de um luxo igualmente obsceno, porque a obscenidade, como tudo o mais, mede-se em relação ao que a circunda; edificadas, enfim, em lugares tão ou mais simpáticos do que estes, casas de luxos tão extremos que nos questionamos que utilidade, na verdade, terão; quantas pessoas delas desfrutarão; que espécie de deuses merece semelhantes tesouros; que mais-valia trazem os mesmos para todos nós; e mais um sem fim de perguntas ingénuas e desnecessárias, que nunca encontrarão resposta.
Hoje passou por cá um senhor da EDP para nos cortar a luz. Não paguei o mês passado e este mês recebi uma fatura com o acumulado cujo prazo findará no dia 27. Mesmo assim, vieram cá hoje e cortaram a luz. Explicaram-me que, apesar de existir um acumulado, o prazo de pagamento diz apenas respeito à contagem mais recente, não àquela que está em falta. Não sabia. Nunca me tinha acontecido.
Entretanto, ainda estou à espera que me paguem serviços que prestei durante o mês de Dezembro e de Janeiro. Pergunto-me amiúde o que posso eu fazer para que me paguem atempadamente. Deverei deixar de prestar o serviço? Suspendo-o até que me paguem? Mas, assim que perguntas como estas me surgem, logo as avalio como verdadeiramente estúpidas, sorrio, e agradeço a Deus o facto de poder prestar os serviços que presto, quando presto e a quem presto.
1 comentário:
Vá, toma lá sorrisos :):) Gosto tanto de encontrar gente igual a ti. Rara, muito rara.
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