sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Verdugos

A ilusão de liberdade é tão mais marcante quanto mais subtil, disfarçado, sem rosto for o controlo. E é precisamente quem se sente mais livre que o é menos, de tão crente deixa-se ir, convencido que vai por vontade própria. Deixa-se levar, embriagado de poder, cego pelos bens que julga possuir.

Antes viessem a cavalo, de escudo e espada, os assaltantes. Mas são outros os verdugos que nos visitam agora. Vêm disfarçados de benfeitores, de gente interessada, que nos defende. Vêm disfarçados de sistemas binários incapazes de qualquer humana interpretação que os responsabilize. Vêm disfarçados de inevitabilidade; de mentores; de pais; de mães; de sábios e só quem sabe, quem vê, lhes vislumbra a mediocridade; a fraqueza; a incapacidade.

Na História há épocas e Épocas. Estamos a viver uma Época. Aproveitem, enquanto é tempo e tentem aprender o mais possível, será a única coisa que levarão convosco, se alguma coisa levarem, quando se despedirem.

2 comentários:

jr disse...

Publiquei em aputadacarraça.blogspot.com.
Um belo texto como aliás todos os outros que publica.
Obrigado
jr

Jardineiro do Rei disse...

Nós somos um povo triste que até quando se ri soa a falso...
Sou uma pessoa que feliz ou infelizmente viveu no antes e no após 25 de Abril, sempre ligado ao mundo operário. Lembro-me que nessa época - antes da "Revolução", as pessoas que detinham o poder e quando falo em poder, não me refiro só ao poder político mas em especial ao poder financeiro, essas pessoas tinham rosto. Podia-se apontar-lhes um dedo. Sabia-se que essas pessoas tinham rosto humano, que um dia ia fenecer. Iam desaparecer, Que as coisas iam mudar.
Hoje o poder é difuso, tanto o político como o financeiro. Quem manda? Quem dá ordens? O que são agências de notação financeira? O que é o "rating" de Portugal? Quando as pessoas se manifestam, protestam contra quem? Ou contra o quê? Ninguém é culpado de nada.
Vivemos uma Época de gurus, de astrólogos, de "palpiteiros". De poder "rasteiro", de vão de escada...

um abraço

joão