Perguntaram-me hoje porque não voo. Eu voo. Sempre voei. Voar é crer, e eu creio.
Mas neste céu povoado por bandos, de nada serve voar mais alto. Confundimo-nos com as nuvens, separados da terra por cortinas de asas. São os voos rasteiros os que melhor se veem, porque se mantêm ao alcance de quem, sem asas, os olha.
E nesta terra povoada por surdos de nada serve falar mais alto. Perdem-se as palavras no eco dos gritos que ensurdecem o mundo. Só a batida do silêncio mói. Como a água que cai pingo a pingo na pedra perdida no tempo, sem passado nem futuro.
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