quarta-feira, 2 de maio de 2012

Liberdade a metro


Comprei, para a Puca, uma trela extensível. Ofereço-lhe assim a benesse de cinco metros de liberdade, como se alguma vez me tivesse cabido, a mim ou a qualquer um, o direito de lha tirar. Comprei-lhe a possibilidade de se afastar cinco metros de mim depois de ter constatado, à custa de alguns sustos, que a liberdade total é só para quem a sabe tentear. Não pode ser tomada em doses excessivas. Corre-se o risco de incutir no outro um certo receio de descartabilidade. A cadela fugiu-me, foi o que eu pensei, ou alguém a roubou, seria uma outra hipótese, dado que, em liberdade, me desapareceu da vista durante uns intermináveis cinco, vá lá, talvez dez minutos.

Desesperada subi a rua, perguntei por ela a quem me viu, desci a rua outra vez, voltei a subi-la, dei volta e meia ao quarteirão e quando voltei ao parque, lá estava ela, à minha espera. Assim que me percebeu, correu como o vento e deixou-se afagar, confundindo-me – terá sido ela ou eu a desaparecer? 

Fosse como fosse, e pelo sim pelo não, comprei-lhe uma trela extensível. Cinco metros é tudo o que a minha insegurança, por ora, é capaz de conceder.

(À laia de compensação, comprei-lhe uns biscoitos e dois ossos descartáveis. Não calculam como isso me tem aliviado a consciência.)

3 comentários:

Anónimo disse...

O comentário que faço resulta de experiência própria com o meu cão. Em função da rua movimentada (carros) onde vivo e para o proteger desde cachorro, habituei-o sempre a trela. Ele sentindo-se seguro/orientado desresponsabiliza-se totalmente ao atravessar uma rua. Atira-se ( com trela tb 5 m) e pronto sem se preocupar se há carros ou não a passar no momento. E é aqui que bate o ponto! " a liberdade total é para quem a sabe tentear". Essa liberdade nos animais como com os humanos tem que ser facultada, mas aos poucos. Se nunca é concedida os comportamentos ficam afectados, podem resultar recalcamentos. Se é dada de repente, não a sabem usar provocando, por vezes, comportamentos excessivos, desequilibrados, perigosos.

Goldfish disse...

Eu sei que é preciso tempo (na altura tinha-o) e paciência, mas consegui educar a minha Luna a ouvir, perceber e obedecer à palavra "não". Um site que achei muito útil foi este: http://www.dog-obedience-training-review.com/ que, como é fácil perceber, está em inglês. Usei algumas das técnicas e até funcionaram!

Sputnick disse...

essa dos ossos tem contornos de suborno :)))