Ele é um ativista. Não sei se nato se adquirido, mas um ativista
ainda assim. Acredita piamente na forte influência que a sociedade exerce sobre
cada um de nós, na impossibilidade de lhe fugir e na urgência de mudar leis e
procedimentos de forma a que todos tenhamos, pelo menos, as mesmas
oportunidades.
Dito assim tudo isto soa a perfeito. Aliás, dito assim ou
dito assado. Não posso deixar de corroborar.
Contudo, não tenho veia de ativista. A minha veia, que é
como quem diz, o que me move, está mais no individual do que no coletivo. Eu
sou aquela estúpida que se o mundo estiver todo a arder e houver alguém preso
no meio dos escombros corre para lá sem pensar duas vezes. Sou os braços e as
pernas que agem em caso de emergência mas que não têm vontade que os leve a uma
vida de luta. Bastam-me as minhas, as pequeninas, aquelas que tenho mesmo de
travar se não quiser ser engolida.
Sou aquela que não acredita em grandes mudanças a não ser a
longo prazo, na sequência das pequenas. E como sei, de fonte segura, que os
seres humanos nunca atingirão o mesmo estágio de evolução, não acredito na
equidade. Haverá sempre quem veja mais adiante e quem só consiga olhar o seu
próprio umbigo.
No entanto, e mais uma vez, sei que os ativistas são
fundamentais neste mundo de diferenças e que todos nós lucramos com a sua persistência
e credulidade. Sei que, se não fossem eles, as lutas seriam ainda mais negras,
mais duras, mais cruéis – como, aliás, já foram em tempos. Sei que lhes devemos
muito e não posso, por isso mesmo, deixar de me sentir orgulhosa por ter um ao
meu lado.
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