Continuo resistente às mudanças. Mesmo que seja para melhor,
resisto. Mesmo que sejam pequenas, resisto. Mesmo que sejam insignificantes,
resisto. Mudar é difícil e todas as artimanhas servem para que fique nem que seja
uma coisinha minúscula que, ilusoriamente, me aconchegue na segurança do
passado.
A questão é que segurança? Que passado? Não me recordo de um
passado verdadeiramente seguro, sem sobressaltos, a não ser o mais remoto,
aquele que antecedeu a minha adolescência. O passado anterior a Fevereiro de 75
e, mesmo assim, até desse tenho sobressaltos, terrores, desproteções.
Então que resistência é esta? Talvez seja a resistência da
descrença. A resistência de quem se acomodou ao que existe e receia o que virá.
A quantos não acontece isto? Esta incapacidade de avaliar a vida que se leva,
este habituar-se ao inabituável, este sentar-se comodamente no incomodável?
A predisposição para a mudança treina-se ao longo da vida.
Especialmente se não nasceu connosco. E é indispensável que nos tornemos
mestres na aceitação da mudança já que é a única forma de evolução. Engana-se
quem acredita que evoluiu só porque por cá andou muitos anos. Se nasceu, viveu
e morreu no mesmo lugar, nunca passou da cepa torta. Foi como se não tivesse
existido e, acreditem, há gente assim. Gente que por cá passa sem deixar rasto.
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